Big Day Brasil 2017

E o último sábado foi marcado por mais um Big Day Brasil, evento que faz com que observadores de todos os cantos do país saiam para fazer suas listas e postarem no eBird. Aqui no extremo sul do estado não foi diferente. Acompanhei meu grande amigo Cláudio Jorge nessa aventura. É isso mesmo, esse Big Day Brasil foi uma grande aventura para nós.
Passamos toda a semana organizando roteiros e locais para visitar. Nossa meta era passar de 150 espécies observadas, sabíamos que pra isso, teríamos que percorrer vários quilometros e passar uma boa parte do dia dedicado à bicharada. No decorrer do dia, tivemos algumas mudanças que influenciaram bastante no resultado final.
Bom, vamos falar sobre o dia de sábado então... Saímos de Pelotas as 6:30 da manhã e enquanto o Cláudio não chegava, eu aproveitei e fiz uma lista das aves aqui da frente de casa. Nesse Big Day, comecei a usar o aplicativo do eBird e indico à todos aqueles que fazem listas e até para aqueles que não fazem, visto que o aplicativo facilita muito, porque pode ser usado offline (sem internet) e as listas são publicadas posteriormente, após acessar a internet.
Voltando pro sábadão então, saímos cedo e infelizmente a previsão do tempo estava certa, bastante chuva pra Rio Grande e região. Saímos em direção ao Banhado do Capão Seco e no caminho, começamos as observações. (No final do post, deixarei os links de todas listas publicadas).
Chegamos no Capão Seco e o tempo ainda estava fechado e prevíamos muita chuva durante a manhã. O que nos chamou a atenção foi a grande quantidade de gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) que avistamos por lá. Dessa vez eles deram show mesmo.

gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis)
Seguimos estrada rumo à Ilha de Torotama e essa estrada estava muito ruim, tão ruim que por alguns momentos pensamos em desistir, mas como já passamos por poucas e boas juntos, resolvemos seguir o trilho. Nos dias anteriores uma tempestade de vento afetou aquela região e deixou até alguns postes tombados, além disso, alguns trechos da estrada eram de areia e nessas partes quase atolamos o carro, mas por sorte não atolamos.
Na ilha de Torotama, nosso objetivo era registrar as aves migratórias que nessa época do ano já tomam conta dos campos por lá. Conseguimos ver alguns maçaricos e batuíras, mas não conseguimos ver o maçarico-acanelado (Calidris subruficollis), que geralmente já está por lá nesse período. Abaixo algumas fotos feitas por lá:

dragão (Pseudoleistes virescens)

andorinha-de-bando (Hirundo rustica)

marreca-cricri (Anas versicolor)

frango-d'água-carijó (Porphyriops melanops)

jovem quero-quero (Vanellus chilensis)

marreca-de-coleira (Callonetta leucophrys)

batuiruçu (Pluvialis dominica)

batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus)

biguá (Nannopterum brasilianus)

andorinha-doméstica-grande (Progne chalybea)
Após visitarmos a Ilha de Torotama, nosso objetivo era irmos pra estrada de Santa Izabel atrás de algumas espécies que encontramos por lá, depois pegaríamos a balsa e atravessaríamos para o outro lado da estrada, já no município de Pedro Osório. Por lá, iríamos atrás da bicharada das matas de restinga. Mas como a estrada estava muito castigada, resolvemos mudar nossa rota e partimos em direção da APA da Lagoa Verde, também em Rio Grande.
Chegamos na APA e fomos atrás do savacu (Nycticorax nycticorax) e da garça-azul (Egretta caerulea), que frequentemente encontramos por lá e até então, não tínhamos observado naquele dia. Pra nossa surpresa, encontramos por lá três indivíduos de saracura-carijó (Pardirallus maculatus) e um carão (Aramus guarauna) com seu jovem filhote.

saracura-carijó (Pardirallus maculatus)

jovem carão (Aramus guarauna)
Já nos aproximávamos do meio-dia e estávamos distantes do nosso próximo destino, o Banhado da Marambaia. Na Marambaia conseguimos observar mais de 80 espécies. Foi o lugar com o maior número de espécies nas listas. Algumas espécies mais raras resolveram aparecer, como o marrecão (Netta peposaca). A Marambaia abriga uma grande quantidade de espécies de aves e fica à alguns quilometros da minha casa (cerca de 20km). Sempre que posso, vou lá de bicicleta.
Abaixo, algumas fotos que fizemos por lá:

tachã (Chauna torquata)

azulinho (Cyanoloxia glaucocaerulea)

cochicho (Anumbius annumbi)

marrecão (Netta peposaca)
Saímos da Marambaia e já passávamos das 100 espécies observadas. Nosso próximo e último destino era o Santuário de Guadalupe, localizado na Cascata, interior de Pelotas. Por lá, nosso objetivo maior era observar espécies de mata e das bordas de mata. Chegamos lá e o tempo variava bastante, chuva e sol se faziam presentes à todo momento. Caminhamos alguns quilometros tocando playback e ouvindo tudo que vocalizava por lá. Aumentamos bastante nossa lista de espécies observadas, já que praticamente todas as aves de lá, não são encontradas nos banhados e matas de restinga que tínhamos visitado.
A ave "mais difícil" que observamos lá foi o tapaculo-ferreirinho (Scytalopus pachecoi), mas não conseguimos registro fotográfico dessa vez. Na verdade, nem queríamos perder muito tempo fazendo fotos, visto que o objetivo principal era observar e listar as espécies que apareciam nos locais que visitamos.
Abaixo algumas fotos feitas no Santuário de Guadalupe:

surucuá-variado (Trogon surrucura)

alma-de-gato (Piaya cayana)

sabiá-coleira (Turdus albicollis)
Quase 12 horas e 240km depois de sairmos de casa, chegamos ao fim da nossa expedição. Podíamos ter ido em outros locais, mas como achamos que não veríamos nenhuma novidade, resolvemos tomar o caminho de volta pra casa. De acordo com a lista publicada no site do Big Day Brasil, eu e o Cláudio ficamos em quarto lugar no Brasil. A lista é feita de acordo com a quantidade de espécies registradas no dia 28 de outubro. No próximo Big Day Brasil, vamos organizar um roteiro pra beirar ou ultrapassar as 200 espécies. (Falei que ficamos em quarto lugar porque os três primeiros saíram juntos em Santa Catarina, então eles são considerados os primeiros colocados no ranking nacional).


Lista no site: http://bigdaybrasil.com.br/index.php/top100
O nosso objetivo nesse Big Day era observar a maior quantidade de espécies possíveis, colocando o Rio Grande do Sul entre os estados com o maior número de espécies listadas. Como esse trabalho é difícil de ser feito sozinho, eu e o Cláudio mobilizamos algumas pessoas que colaboraram conosco e todas elas fizeram listas nos locais que residem. Fica aqui meu agradecimento ao Dudu Soares e a Debora Caporlingua (Cassino, Rio Grande), ao Laudelino Moura e a Fernanda Spenst (Aceguá) e ao Caio Belleza (Bagé). Todos eles também colaboraram com suas listas para o Big Day Brasil.
Abaixo algumas fotos dos ambientes visitados por mim e pelo Cláudio:

Banhados e alagados no Capão Seco.

Campos na ilha de Torotama.

Área com junco e banhado na ilha de Torotama.

Campos alagados na ilha de Torotama.

Alguns resquícios de mata vistos do Santuário de Guadalupe.
Fica aqui meu agradecimento ao Cláudio por mais uma grande "indiada" juntos. Depois de muito café, muita conversa e muita lista, chegamos ao fim desse Big Day. Agora é recuperar as energias e focar no próximo, dessa ver o Global Big Day.
Valeu Claudião!!


Todas as listas feitas podem ser encontradas no meu perfil e no perfil do Cláudio no eBird, seguem os links:

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