A Torotama e os maçaricos

No último sábado, dia 2 de novembro o meu destino foi a Ilha da Torotama, localizada no município de Rio Grande, Rio Grande do Sul. Me acompanharam nessa indiada, os meus amigos Cláudio Jorge, Fabiano Rosa e Laudelino Moura. Estávamos combinando essa saída desde o início da semana, inclusive convidamos outras pessoas para irem conosco até lá, atrás da bicharada que migra pra cá no verão.
Saí de casa as 6:30 com o Cláudio e combinamos de encontrar o Fabiano e o Laudelino as 7:30, no Banhado do Capão Seco. Como o Laudelino veio de Pinheiro Machado, resolvemos sair um pouco mais tarde que o convencional.
O vento a garoa se faziam presentes no início da manhã, dando a entender que teríamos um dia difícil pela frente, mas aos poucos o tempo foi melhorando, fazendo com que tivéssemos exito em nossa saída.
Enquanto esperávamos o pessoal chegar, eu e o Cláudio ficamos registrando a bicharada no Capão Seco e por lá avistamos 53 espécies diferentes, num trecho de pouco mais de 5 quilômetros. O grande destaque da manhã ficou por conta de um macho de viuvinha-de-óculos (Hymenops perspicillatus), que sempre encontramos no mesmo ponto da estrada.
Já estávamos preocupados, pois já se aproximava das 8h da manhã e o pessoal ainda não havia chego, até que resolvemos tomar o caminho de volta pra ver se encontrávamos eles e acabamos nos encontrando no meio do caminho, na estrada.
A Torotama fica bastante longe do Capão Seco e como nosso foco estava lá, nem paramos na estrada para registrar a bicharada no meio do caminho. Fomos direto pra ganhar mais tempo por lá. Os campos da Torotama abrigam diversas espécies de aves migratórias, tanto no verão, quanto no inverno. E como estamos na estação quente, as aves do hemisfério norte migram pra cá, fugindo do frio e à procura de alimentos. Sabíamos que lá encontraríamos algumas espécies de maçaricos forrageando nos campos e alagados da região.
Nosso primeiro encontro foi com o maçarico-de-colete (Calidris melanotos), encontramos alguns indivíduos forrageando com algumas narcejas (Gallinago paraguaiae) e conseguimos fazer bons registros de ambos, já que estavam muito próximos e não notaram nossa presença no carro. Inclusive, pela primeira vez, consegui fazer um vídeo da narceja.
Seguimos caminho até o cemitério. Pode parecer estranho, mas nosso principal ponto de encontro é no cemitério da Torotama? Mas porque no cemitério? Porque atrás dele, há um campo cheio de maçaricos. Por lá, registrei vários bandos de maçarico-de-sobre-branco (Calidris fuscicollis), outros visitantes da região nessa época.
Caminhamos na direção das marismas próximas da lagoa e começamos a atolar o pé no barro, como é beira de lagoa, o ambiente é muito encharcado e as vezes acontecem alguns tombos por lá, dessa vez o Laudelino foi batizado e acabou ficando sentado no meio do barro. Mas normal, já vi tantos amigos caírem lá, que nem acho mais engraçado... Mentira, acho sim!! Kkkk
Mas vamos voltar a falar das aves... O objetivo nas marismas, era registrar o boininha (Spartonoica maluroides) e a corruíra-do-campo (Cistothorus platensis). E talvez, com sorte (muita sorte), encontrar a rara narceja-de-bico-torto (Nycticryphes semicollaris). E vocês acham que conseguimos registrar algum deles? Não, não conseguimos. O boininha deu show, mas não se apresentava no limpo, impossibilitando de fazermos o registro, já a corruíra-do-campo apareceu de longe, não respondeu ao playback. E eu escutei uma vocalização diferente, que talvez fosse da narceja-de-bico-torto, mas como não tive certeza, não criei muitas expectativas.
Voltamos pro carro e seguimos para outra parte na Torotama, lá sim o boininha deu chance de registros, além dele, o Laudelino fez outro lifer por lá, a batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus).
Abaixo alguns registros da primeira parte da manhã:

maçarico-de-colete (Calidris melanotos)

maçarico-acanelado (Calidris subruficollis)

narceja (Gallinago paraguaiae) 

caminheiro-zumbidor (Anthus lutescens)

viuvinha-de-óculos (Hymenops perspicillatus)

martim-pescador-pequeno (Chloroceryle americana)
A segunda parte da manhã foi dedicada à "Prainha da Torotama". Por lá, encontramos algumas outras espécies de aves que até então, não havíamos registrados. Como o maçarico-pintado (Actitis macularius). Foi meu segundo contato com a espécie, o primeiro foi em Florianópolis. Além dele, por lá, haviam vários biguás, gaivotas e as batuíras-de bando. Alguns registro abaixo:

Bandos de biguá (Nannopterum brasilianus)

maçarico-de-sobre-branco (Calidris fuscicollis)

maçarico-pintado (Actitis macularius)

Pessoal registrando a bicharada. 

Já passava do meio dia quando decidimos encerrar a nossa expedição pela Torotama. O vento nos castigou e atrapalhou bastante nossa saída, mas mesmo assim foi extremamente positiva, visto que conseguimos registrar uma grande quantidade de espécies. Vou postar aqui as listas que publiquei no e-Bird:
Lista 1: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40861361.
Lista 2: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40861372.
Lista 3: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40861382.
Lista 4: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40861394.

O Cláudio seguiu o caminho de volta pra casa e eu, acompanhei o Laudelino e o Fabiano até a Praia do Cassino, por lá geralmente sempre aparece uma novidade ou outra, mas como havia bastante movimento, encontramos a bicharada "mais comuns". Como as gaivotas, as garças e os trinta-réis.
Pra nossa surpresa, encontramos um mergulhão-grande (Podicephorus major) e conseguimos bons registros.

mergulhão-grande (Podicephorus major)

maçarico-branco (Calidris alba)
Listas no Cassino:
Lista 1: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40861402.
Lista 2: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40861415.

Já se aproximava das 16h quando pegamos o caminho de volta pra Pelotas e encerrávamos a nossa expedição. Mais uma vez, foi muito proveitosa. Aproveito pra agradecer aos guris pela parceria de sábado. Infelizmente o vento nos atrapalhou um pouco, mas mesmo assim a saída foi muito proveitosa!! Até a próxima, pessoal!

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