Uma manhã cheia de surpresas

Na última segunda-feira, dia 24, recebi o amigo Adolf Wall, sua filha Michele e sua esposa para observar aves aqui na região, o objetivo deles era registrar algumas espécies que no município que eles moram (Aceguá) não ocorrem.
Saímos de Pelotas as 8h da manhã e fomos em direção ao Santuário de Guadalupe, local que eu frequento com certa assiduidade. Além de ser perto de casa (cerca de 15 minutos de carro), é um local onde poderíamos encontrar várias espécies que o pessoal procurava.
Chegamos lá e a primeira ave que apareceu já me deixou com uma grande dúvida. Era uma fêmea do gênero euphonia que vocalizava igual ao ferro-velho (Euphonia pectoralis), só que eu sei que essa espécia não ocorre aqui na cidade. Tentei registrar a ave de todos os ângulos, pra chegar em casa e correr atrás da identificação correta. Fizemos algumas fotos e a ave vocalizou novamente, dessa vez como cais-cais (Euphonia chalybea). Chegando em casa, contatei o João Gava Just, expliquei a história e ele identificou a ave pra mim, confirmando que se tratava realmente de um cais-cais.

cais-cais (Euphonia chalybea). Foto: Raphael Kurz.
Seguimos caminhando pela estrada, até um ponto que eu sempre registro várias espécies. Por lá encontramos o tiê-preto (Tachyphonus coronatus) "dando mole".
Alguns metros à frente, resolvi tentar atrair o surucuá-variado (Trogon surrucura), ave muito comum na região e que era lifer para o pessoal. No mesmo momento que toquei o playback, a ave pousou num eucalipto. Pena que era muito alto, impossibilitando um bom registro. Insisti um pouco mais no playback e a ave desceu, aí sim dando chance de fazermos excelentes registros da espécie.

tiê-preto (Tachyphonus coronatus). Foto: Raphael Kurz.
Pessoal registrando o surucuá-variado (Trogon surrucura) no eucalipto. Foto: Raphael Kurz.
Minutos depois, o surucuá-variado (Trogon surrucura) desceu e deu esse mole todo aí. Foto: Raphael Kurz
Além de registrar o surucuá, nesse mesmo ponto rolou outro lifer para eles, o beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis), outra espécie muito comum por lá. Fomos em frente e paramos noutro ponto que sempre há diversas espécies, por lá encontramos o arapaçu-escamado-do-sul (Lepidocolaptes falcinellus), o beija-flor-de-papo-branco (Leucochloris albicollis) e a saíra-preciosa (Tangara preciosa). Um pouco mais à frente, graças a visão apurada do Adolf, encontramos um bando de gralha-azul (Cyanocorax caeruleus). Outra espécie sempre avistada nesse local. Mas infelizmente elas não respondem muito ao playback, sempre dificultando muito os registros. Dessa vez eu tentei atraí-las com o playback da gralha-do-campo e não é que o bando veio bem pra perto de nós? Graças à isso, conseguimos fazer bons registros.

arapaçu-escamado-do-sul (Lepidocolaptes falcinellus). Foto: Raphael Kurz
gralha-azul (Cyanocorax caeruleus). Foto: Raphael Kurz.
Na outra parte da estrada, fomos subindo em direção à mata mais preservada em busca de mais algum lifer, logo na chegada um tangará (Chiroxiphia caudata) nos recepcionou com sua vocalização conhecida. Infelizmente a ave não deu chances de fazermos boas fotos, já que ela não saia do emaranhado de galhos e no momento que ela resolveu se expôr, o vento forte fez com que alguns galhos ficassem se mexendo e cortando na frente da foto. Infelizmente não foi dessa vez que conseguimos um bom registro da espécie.
O show do dia ficou por conta do corocochó (Carpornis cucullata). Quem já registrou essa ave, sabe que ela não costuma dar muito mole para foto, mas dessa vez... Ah, dessa vez a ave colaborou em duas oportunidades.
A primeira dela eu atraí a ave com o playback e ela pousou "no limpo". Pouco tempo depois, apareceu outro indivíduo se alimentando, esse sim deu mole. Conseguimos fazer a volta na trilha pelo mato e ficamos com uma vista privilegiada da ave. 

corocochó (Carpornis cucullata). Foto: Raphael Kurz.
corocochó (Carpornis cucullata). Foto: Raphael Kurz.
Descemos a trilha, tomando o caminho de volta e paramos alguns minutos pra tentar registrar o tapaculo-ferreirinho (Scytalopus pachecoi), mas dessa vez o fantasminha não deu chance de registro, chegou à poucos metros de nós, mas não teve jeito de foto. 
Encerramos nossa saída e já era quase meio-dia. O tempo já havia virado, e a chuva provavelmente viria na parte da tarde.
A saída foi muito proveitosa, visto que o Adolf fez quase 10 lifers, aumentando bastante sua lista de espécies observadas. Mesmo que o tempo não estivesse dos melhores, a bicharada resolveu colaborar.
Agradeço aos amigos pela excelente manhã e aguardo vocês aqui sempre que quiserem visitar a região. Logo logo pretendo ir à Aceguá também, registrar a bicharada que ocorre por lá e que é bem rara por aqui.


Lista das espécies observadas: http://www.taxeus.com.br/lista/10107

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